Então lá fomos nós a mais uma aventura por terras alentejanas. Como qualquer expedição aventureira começamos o dia de sábado de nuvens escuras com uma avidez de conhecimento que apenas se reconhece aos amantes de uma boa paisagem, e óptimos sítios para conhecer. A Raquel como não dorme de noite adormeceu assim que chega ao carro e acordou já estávamos a chegar a Mação. Não paramos em Almourol, nem na Vila Nova da Barquinha, pois fazíamos questão de passar por lá, no regresso a casa... para apanhar o por do sol no castelo.
Paramos então em Mação. Pena nossa pois não era nada de especial. Achamos muito escura, sem grande relevância arquitectónica, os passeios eram quase inexistentes e muitas vezes a Raquel, que ia pelo seu próprio pé, ia tentando abrir as portas das casas por onde passava… havia duas "igrejas" com algum interesse religioso e com algumas belas imagens, mas pouco mais... nem gentes vi pela rua...
Saindo de Mação, decidimos ir até Belver (normalmente escolhemos o destino por impulso: “Para a direita ou para a esquerda ?”). Apenas sabíamos que era bonito, mas não sabíamos o que esperar, pelo nome devia prometer.
Ainda não tínhamos entrado em Belver e já podíamos vislumbrar o imponente castelo lá ao fundo a defender a vila no topo de um monte... Lindo.
Ao entrar em Belver começamos a ver uns pescadores e deduzimos imediatamente que seria a rio Tejo que tornava esta vila tão especial. Subimos a uma Ermida para termos uma visão completa da Vila e do imponente Castelo, situado em cima de um monte com panorâmica sobre o rio. Com a vista regalada e com uma vontade tremenda de ver o castelo mais de perto e preferencialmente por dentro, descemos até à praça principal, onde estacionámos o carro. Ainda antes de irmos ao castelo presenciámos um episódio lamentável com que cada vez mais nos deparamos, e apesar de não fazer parte deste roteiro, fica o ocorrido, para experiência vivida e como base de alerta. Nessa mesma praça estavam duas senhoras já com alguma idade, numa alegre conversa, quando vem uma terceira senhora "danada da vida" a discutir ao telefone.. entra no carro... liga o carro... engata a marcha atrás... acelera... e só para quando atropela uma das senhoras. Não houve tempo para alertar, mas nós já estávamos com a sensação de que iria acontecer alguma coisa, ainda antes dela ter acontecido. Como estava mesmo ali, fui o primeiro a lá chegar para auxiliar a senhora. Aparentemente só tinha partido a cabeça, não sei se do embate do carro se do embate no chão. Levei a senhora para a sombra e já com populares e amigo junto dela, deixei-a aos cuidados deles e segui para o castelo. Mas não quero deixar ainda o meu repudio por mais uma ou duas situações. Bem, já se sabe que conduzir e falar ao telemóvel... dá no que dá. Mas o pior de tudo foi que... e de certeza é uma cultura de vizinhança que não tendo essa educação não entendo... permitiram que a senhora que provocou o acidente se tivesse ido embora, antes mesmo da policia ter chegado. Não sei que historia lhes contaram, mas... em Lisboa... o que aconteceu era fuga de um local de acidente (crime) e não sei bem... mas a senhora não prestou assistência... quem o fez fui eu e alguns populares... mas devo ser eu que sou implicante e não percebo o tendência para tanta permissividade a maus condutores ou a condutores alcoolizados. Mas seguindo caminho... depois disto tentámos ainda ir ao castelos, mas este estava fechado, porque o funcionário estava de férias... merecidas certamente... mas ficou por se conhecer por dentro, mas por fora, parece-me simples, mas belo e bem conservado. Como estava a chegar a hora do almoço... decidimos fazer pic-nic na Praia Fluvial de Belver. Uma paisagem deslumbrante, o Castelo como plano de fundo, um pouco mais abaixo o comboio a passar, árvores o Rio e o ... silêncio.
.Íamos nós já a caminho do Crato quando nos lembrámos de que ainda não conhecíamos Marvão e nem por isso ficava muito longe. Marcamos as novas coordenadas no GPS e seguimos caminho.
Passamos de deserto e entramos numa mata de tons vermelhos e verdes, luxuriante, montes com picos escarpados, a Serra de São Mamede. Passamos por Castelo de Vide, mas não paramos.O caminho que levamos até ao Marvão foi feito por uma estrada de calçada, que deduzimos ser a estrada mais antiga. Ao chegar ao topo, mesmo à Vila, ficamos deslumbrados pela paisagem, a não perder de vista do lado Espanhol e do lado Português a Serra de São Mamede. Ficámos ambos maravilhados com a beleza daquela vila a pouco mais de 800 metros de altitude. Tivemos sorte, pois não encontrámos quase turistas nenhuns, o que deu para melhor ver a vila. Ficou prometido um regresso, com possível estadia no interior das muralhas. Ruas limpas, casas bem cuidadas e brancas, uma paisagem lindíssima e de gente simpática. Para melhor imaginarem a vila, pensem na vila de Óbidos, mas sem os milhares de turistas, sem as casas quase a ruir e tudo muito limpo.
Já se estava a fazer tarde e decidimos fazer-nos à estrada e desta vez, definitivamente em direcção ao Crato, mais precisamente à Flor da Rosa, onde nos "aguardavam" na pousada.
A pousada é um edifício lindíssimo. É um castelo, um Convento e o Paço Ducal, todos construídos em distintas épocas, que deram origem a uma obra de arquitectura ecléctica, com uma harmonia de beleza incomparável.
Neste hotel de luxo no Crato consegue-se respirar, em cada recanto, todo o misticismo medieval uma vez que o antigo Convento-Sede do Prior do Crato pertenceu à Ordem Religiosa-Militar de Malta. Fomos muito bem recebidos, todos os funcionários demonstraram uma educação exemplar. A lamentar a falta de acessibilidades para quem tem bebés ou mesmo para quem seja portador de uma deficiência. Há uma rampa de acesso à entrada da pousada, mas para nada serve, visto que depois nada mais há para se poder contornar todos os seguintes obstáculos... ridículo, mas deve ser obrigatório por lei terem uma rampa, mesmo que para nada sirva. Mas em contrapartida tudo o restante era tudo maravilhoso. O quarto era grande, amplo e luminoso. A piscina era enorme e com uma grande esplanada/jardim.
Desfizemos as malas e fomos dar uma volta ao Crato, que tirando o jardim infantil, não tem nada de interesse, só um Forte que nos pareceu estar a ser talvez também transformado em Pousada (pelo menos não fica ao abandono).
Seguimos para Alter do Chão para procurar um restaurante para jantar, pois, nestas andanças todas já eram perto das 19 horas. Localizado o restaurante fomos até a Alter Pedroso para tirar umas fotos ao por do sol. Fomos ao restaurante Pátio Real, onde comemos muito bem. Aconselho os pezinhos de coentrada ou o pernil assado no forno... já lá voltava novamente.
Voltamos estoiradíssimos á estalagem, com o propósito de descansar um pouco, ler e aproveitar os fantásticos e fofos colchões e a roupa de cama quente e suave... mas rapidamente percebemos que não ia ser uma noite fácil... longe disso. A Raquel não pregou olho... estava ainda mais eléctrica que o costume... e não foi nada fácil adormece-la. Como foi o fim de semana de mudança de hora... ela acordou perto das 6 da manhã e ainda tivemos de esperar para poder ir tomar o pequeno almoço. Como seria de esperar a oferta é muita e toda ela excelente. Saliento um aspecto que gostei particularmente no pequeno almoço oferecido. Para além de tudo o que esperamos no pequeno almoço de um hotel, era óbvio o destaque aos produtos regionais: queijos, enchidos, pão... gostei de ver e provar. Um verdadeiro banquete.
No regresso, passámos pela barragem de Montargil, para a conhecer. Muito boa para uma pescaria,pic-nic, ou apenas para um dia bem passado em família e/ou amigos. Aproveitem.